mercado de trabalho

As tendências e as expectativas para o futuro do mercado de trabalho

Com necessidade de novos modelos e relações de trabalho, organizações e tecnologias deverão focar em soluções sociais.

Hoje, passamos por diferentes movimentos globais, que deverão resultar em mudanças estruturais na forma como nos relacionamos com o trabalho, a tecnologia e as outras pessoas. Com o surgimento da crise sanitária, em março deste ano, a maioria dos balanços e das perspectivas foi reajustada.     

Antes, a camada da população que recebe as piores remunerações já convivia com condições precárias e irregulares de trabalho. Além disso, as taxas de desemprego, que superavam os 12%, e o número de indivíduos que não trabalham nem estudam cresciam no Brasil. Contudo, em um novo cenário, a dualidade entre a tecnologia e o ser humano pode nos apresentar algumas soluções.

Vivemos interconectados de diversas formas, com ênfase em smartphones e outros dispositivos, que podem ser um meio de mobilizações e transformações importantes. Em conversa com o digital, estamos moldando, pouco a pouco, tanto o mercado de trabalho, quanto o olhar sobre a gestão de tempo e esforços. 

Substituição de métodos arcaicos

Não é de hoje que CEOs, líderes e empreendedores estão lidando com a incerteza sobre o destino de seus negócios, já que as transformações têm ocorrido de maneira cada vez mais rápida, em um processo incessante.

Por outro lado, no mundo do trabalho, ainda há uma cultura muito engessada em padrões corporativos, burocráticos e hierarquizados. Em um estudo da consultoria Korn Ferry, de 67 habilidades de gestores, a capacidade de apoiar as equipes em seu desenvolvimento ficou em último lugar. É preciso que as lideranças entendam que treinamentos melhoram a autoestima e só têm a agregar.

Além disso, a grande maioria das contratações e dos planos de carreira não foca na autonomia do empregado, nem no desenvolvimento dele. Profissionais se acomodam com pouco e não enxergam um horizonte, o que cria uma engrenagem massante e contraproducente para ambas as partes.

Um hábito muito sintomático desse modelo é o que define sucesso na carreira por metas de obtenção de cargos. A jornada de trabalho profissional que se limita às nomenclaturas está em dissonância com as possibilidades do futuro. Em geral, este raciocínio vem da busca incansável pela perfeição na performance de trabalho.

Deve-se abdicar da expectativa por uma narrativa linear, assim como entregas e resultados previsíveis. Nesse caso, a humildade de não prever todos os acertos é válida, acessando a capacidade intuitiva de ação, que, muitas vezes, deixamos de lado. 

Reconstrução da empregabilidade

Em média, startups e fintechs costumam levar 60 dias para finalizar o processo de recrutamento de um novo colaborador. Isto ocorre porque empresas com propostas inovadoras, focadas em carreiras digitais, demandam profissionais ainda raros no mercado.

A base deste fenômeno é o modelo de educação obsoleto e hegemônico, sob o qual vivemos hoje. Carreiras e diplomas não possuem mais uma relação simétrica como antes. Novos modelos de negócio surgem para driblar as barreiras do passado, implementando formas de gestão mais dinâmicas e eficientes.

Isso está ligado à vontade de inovar e à flexibilidade cognitiva, como uma competência emergente em cenários empreendedores. As chamadas habilidades transversais também são importantes nesse sentido, pois valorizam profissionais no mercado atual.

A tendência de uma educação mais moderna e múltipla possibilita, por exemplo, que um odontologista seja um ótimo desenvolvedor Javascript, e que um cientista contábil não goste só de mexer com números, mas tenha uma ótima habilidade de criar blogposts. 

Habilidades novas para problemas recentes

Quantidade por qualidade, viralização por razão — estas são duas trocas importantes que líderes responsáveis por grandes inovações estão buscando em organizações e processos. Afinal, é perceptível que algumas práticas no meio digital e físico precisam ser superadas.

A busca incessante por leads é a principal delas. Outros exemplos são o compartilhamentos de dados pessoais por grandes corporações e a negligência de mercados vastos com o meio ambiente, atingindo, negativamente, o planeta como um todo, trazendo desafios para as gerações futuras.

É hora de usar as máquinas para reduzir danos. Assim, o aumento do tráfego e da mobilidade de dados é uma oportunidade para que empresas se conectem a públicos em maiores escalas, com mais assertividade e pessoalidade.

Assim, as empresas precisam estar aptas a entregar facilidade, experiências de alto desempenho e aderentes a cada usuário. É preciso lembrar que as diretrizes de uma empresa, idealmente, devem ser transversais em todas as áreas: do setor de recursos humanos, passando por cada colaborador, até os resultados finais.

Áreas como branding, web design, programação e vendas estão buscando se conectar com o público de maneira mais assertiva e eficaz, sem dar meias voltas ou fazer publicidade sem objetivo. Estas são consequências de uma cultura mais coerente e prática, que não tem tempo a perder, já que a nova emergência está próxima.

Assim, os modelos de sucesso serão os que solucionam problemas reais e comunitários. Iniciativas como mapeamento de serviços públicos, aplicativos de combate à violência contra a mulher e aumento de visibilidade de minorias são reflexos do potencial econômico e criativo que empresas encontram para ressignificar o mercado.

Estes interesses transpassam todas as gerações no mundo do trabalho. Desafio não vai faltar, mas é preciso abertura e comprometimento para protagonizar essa transição. Enquanto o modo de agir é reestabelecido, profissionais, dados e empresas criam pontes para a reconstrução da realidade.